sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ecológia

domingo, 13 de junho de 2010


Aldo Rabelo é o carrasco da floresta, diz Curupira

Altino Machado às 7:18 am

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE

- O deputado Aldo Rebelo me agrediu, bateu no meu corpo com um porrete, rasgou minha camisa, tentou me eliminar a mando da senadora Kátia Abreu! Há testemunhas. Estou registrando a queixa. Ele vai pagar caro por essa agressão, vai perder a eleição.

Quem fez essa denúncia grave, em entrevista exclusiva à coluna Taquiprati do Diário do Amazonas, foi o jurista Curupira Ramos, sentado sobre um jabuti que lhe servia de banco, em sua casa no meio do mato, com as pernas cruzadas, os pés virados para trás, o cabelo vermelho, os dentes verdes, as orelhas enormes e o corpo tão peludo quanto o do seu sobrinho Tony Ramos (a genética é impressionante, não falha nunca!).

Taquiprati (TQPT) - Doutor Curupira, o senhor existe de verdade?

Curupira (C) - Lógico! Se eu não existisse, não poderia ser agredido. Essa pergunta é impertinente, você deve fazê-la ao Aldo Rebelo. Aliás, minha existência é reconhecida pelo projeto de lei federal nº 2.762 que cria o Dia do Saci - o único que Aldo apresentou em 2003, como líder do governo. Ora, se até o meu primo, que tem uma perna só…

TQPT - Desculpe, Excelência, é que dizem que vós sois uma invenção do homem.

C - (arregalando os olhos negros) E daí? O Código Penal também é uma invenção do homem para organizar a sociedade! Só porque foi inventado não têm vida? Claro que tem! Aliás, existe justamente porque foi criado. As pessoas acreditam no Código Penal e pautam seu comportamento em função dele. Tudo aquilo que o ser humano cria, passa a existir. A alegria e a tristeza também não têm forma física, mas existem porque a gente pensa nelas. Os homens pensam em mim. Sou pensado, logo existo.

TQPT - O que é que Vossa Excelência faz, afinal, na vida?

C - Sou legislador e, ao mesmo tempo, guardião da mata. Crio leis de proteção ao meio ambiente. Defendo a vida e a floresta. Protejo as árvores, os animais, os rios da ação predatória e burra. O fundamento filosófico de nossa legislação é que a natureza existe para todos nós, devemos retirar dela exclusivamente aquilo que é necessário para nossa sobrevivência. Devemos repor o que tiramos. Se não for assim, a espécie humana desaparece. Por isso, criei um código que, como a Constituição dos EUA, não é escrito, são leis que fazem parte do direito consuetudinário. Castigo e puno os predadores que cometem crime ambiental.

TQPT - Punir como? O Meritíssimo tem poder de polícia? Pode exemplificar?

C - Perfeitamente! Minhas leis são codificadas em narrativas. O código escrito tem artigos e parágrafos. O código oral tem histórias e exemplos. Quem entendeu isso muito bem foi Couto de Magalhães, um advogado mineiro. Quando ele assumiu a presidência do Pará, em 1865, compilou a legislação oral, recolhendo centenas de histórias na língua nheengatu, contadas por índios e cabocos. Numa delas, um caçador índio mata uma veada recém-parida. Quando chega perto do corpo inerte, descobre que é o cadáver de sua própria mãe. Esse encantamento foi obra de Anhanga. Essa é a pena para quem não respeita o período de procriação e amamentação dos animais: mata a própria mãe. Os povos da floresta acreditam nisso como os povos urbanos crêem no Código Penal. E é porque acreditam que preservaram a diversidade da vida.

TQPT - Mas o deputado Aldo Rebelo não sabia disso tudo, quando nessa quarta-feira, 9 de junho, na Comissão Especial da Câmara, terminou a leitura do seu parecer para mudar o Código florestal brasileiro?

C - Não quero ofender, mas aqui pra nós, muito em off, o Aldo é meio obtuso, bronco, parece que comeu coquinho de tucumã. Seu parecer de 270 páginas demonstra profunda ignorância sobre a história e a as culturas amazônicas. Afirma que “índios e caboclos, depois de lutar contra o meio inóspito, ainda vivem como viviam seus antepassados há centenas ou milhares de anos, dominados pelas forças da natureza, perambulando nus ou seminus, abrigados em choças insalubres”… (pg.21) Quá-qua-ra-qua-quá! Nenhum pesquisador no mundo assina embaixo de tal bobagem.

TQPT - Doutor Curupira, o meritíssimo já encontrou com o Aldo lá na floresta? Porque se ele fala tanto, é porque deve ter andado por lá.

C - O Aldo é um urbanóide, nunca colocou o pé na floresta. Por isso, acha que a mata é hostil. É hostil lá pra ele e pras negas dele, não para os povos que fizeram da floresta sua morada. Aldo fala em ‘choças insalubres’, mas o arquiteto Severiano Porto elogia a construção de malocas, confessa que aprendeu arquitetura com os índios. Aldo desconsidera mudanças e revoluções ocorridas nas sociedades amazônicas, registradas pelos arqueólogos. Ignora a arte, a música, a literatura, os conhecimentos na área de botânica, zoologia, astronomia, medicina, produzidos pelos índios. Nem suspeita que os índios criaram um código florestal oral. Ele afirma que “a conquista da Amazônia se deu com a expedição de Pedro Teixeira (1637-1639)”, como se a história começasse com os portugueses. Ignora que a Amazônia foi ‘conquistada’ pelos índios, que 5.000 a.C já desenvolviam agricultura sofisticada, com a domesticação da mandioca e de outras plantas.

TQPT - Embora desconheça a floresta, Aldo diz que leu dezenas de livros sobre o tema…

C - Conversa fiada! Não leu, meu filho! O Aldo não lê nem o programa do PCdoB! Certifique-se você mesmo lendo o relatório que ele aprontou. Aprontou mesmo. A proposta do Aldo ignora os estudos feitos pelas universidades e centros de pesquisa. E ainda por cima se assessora mal. Em vez de chamar quem manja do assunto, foi procurar uma advogada, a Samanta Piñeda, que é consultora jurídica da bancada ruralista. Pagou R$ 10 mil com dinheiro nosso pra ela escrever aquela lengalenga enfadonha.

TQPT - Não entendo. O que é que o deputado ganha com isso?

C - Ganha a simpatia e o apoio dos ruralistas, do agronegócio. De acordo com a página na internet da ONG Transparência, a campanha de Aldo para as eleições de 2006 recebeu R$ 300 mil da Caemi-Mineração e Metalúrgica, R$ 50 mil da Bolsa de Mercadorias e Futuros, R$ 50 mil da Votorantim Celulose e Papel e por ai vai.

TQPT - Em que consiste, afinal, o projeto do deputado?

C - O projetodesmonta toda a legislação que protege a floresta: suspende multas de crimes ambientais, anistia desmatadores, reduz as áreas de preservação permanente (APPs) permitindo a realização de atividades econômicas dentro delas, dispensa a reserva legal em propriedades menores, incentiva a exploração de várzeas e topos de morro, dá autonomia para cada Estado legislar sobre meio ambiente, permite que os municípios passem a autorizar o desmatamento. É claramente um pedido de penico aos ruralistas, não está preocupado com os interesses nacionais, mas com interesses particulares de quem quer o lucro imediato.

TQPT - Se for aprovado, o projeto do Aldo prejudica todo mundo, até mesmo os descendentes dos ruralistas.

C - É o que estou dizendo há alguns milênios. Lembra o que aconteceu em Santa Catarina? Lá, o Governo reduziu as margens de mata ciliar ao longo dos rios e todo mundo viu a tragédia ocasionada pelas últimas chuvas. Se o projeto for aprovado, vai provocar impactos ambientais irreversíveis e a emissão de 25 bilhões a 31 bilhões de toneladas de gás carbônico só na Amazônia, segundo os especialistas. É preciso protestar. No Rio de Janeiro, nessa semana, já houve uma primeira manifestação de rua, com a participação de duzentos ativistas e lideranças de organizações ambientalistas. Nos outros países existem também curupiras. Eles vão boicotar o produto brasileiro em decorrência do desmatamento que o Código vai permitir.

TQPT - Excelência, me diga, o Aldo não é deputado do PCdoB, um partido que sempre defendeu, em tese, os fracos, a floresta…

C - (dando um assovio agudo e assustador) - Meu filho, o relatório do Aldo é uma afronta à sociedade e ao patrimônio ambiental do Brasil. Com isso, Aldo fere a respeitabilidade da bancada de um partido histórico nas lutas populares. Vai tirar votos de mulheres maravilhosas do PCdoB: Vanessa Graziottin (AM), Perpétua (AC), Jandira Feghalli (RJ), Alice Portugal (BA), Jô Moraes (MG), Manuela (RS). Aldo está se comportando como um agente infiltrado da bancada ruralista no PCdoB. Ele já passou para o outro lado, falta apenas formalizar sua filiação ao DEM (vixe, vixe!), onde é o lugar das idéias interesseiras que ele defende. Aldo Rebelo é o anti-curupira, o carrasco da floresta.

O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti .



domingo, 11 de julho de 2010


Aldo Rebelo e a maldição do lendário Curupira

Altino Machado às 12:04 pm

POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE

- Co-mu-nis-ta! Esse menino fala como um comunista – vociferou tio Esmeraldo, me censurando na varanda da casa da vovó Marelisa, na Rua Monsenhor Coutinho, 380, em Manaus. Vovó, alarmada, empalideceu. Naquela época, 1960, era um pecado mortal, um sacrilégio, ser ou parecer comunista, ainda mais numa família católica, apostólica e romana como a nossa, cheia de padres e freiras.
Foi um comunista, o Luiz Barbeiro, que convenceu o Leno, da Vila Rezende, a esconder no bolso uma hóstia consagrada, de onde jorrou sangue – dizem, eu não vi – manchando sua calça, antes de sair gotejando sobre os trilhos de bonde da Rua Alexandre Amorim. A prima do Leno, Rosilene Cabral, ex-professora do SESC, que está aí mesmo e não me deixa mentir, foi quem lavou a roupa e jura que a mancha só saiu com água benta.
Afinal, como é que eu, um menino de 12 anos, temente a Deus, podia concordar com os comunistas, cuja doutrina ignorava, e que ainda por cima tinham fama de profanadores de hóstia? Tudo começou no dia em que presenciei um parente extremamente pobre, Raimundo Cyrino, contar pra vovó, aos prantos, como os jagunços destruíram sua roça e o expulsaram de um terreno lá no Tarumã, onde vivia com mulher e filhos. Ele não tinha onde cair morto. Foi a primeira vez que vi um homem adulto chorar. E seu choro era tão sentido, tão doído, que hoje, cinquenta anos depois, ainda ecoa em minha lembrança.
Tio Dantas me explicou, então, que toda aquela imensidão de terra vazia e improdutiva tinha dono, e não podia ser usada nem mesmo por quem estivesse morrendo de fome. Revoltado, fiz um discurso ingênuo que, segundo tio Esmeraldo, era uma defesa da reforma agrária – “bandeira dos comunistas”, que ele combatia como candidato a vereador pela UDN (vixe-vixe!). Por via das dúvidas, vovó me aconselhou que rezasse mil vezes a jaculatória ‘Jesus, Maria, José, minh´alma vossa é’. Obedeci. Mas foi aí que minh’alma apostrofada, assim entregue, compreendeu que os comunistas lutavam por justiça social.
Fantasma do comunismo
O que aconteceu com o fantasma que rondava a Europa em meados do século XIX, anunciado pelo Manifesto Comunista de 1848? Faz meio século, ele ainda circulava pelo Brasil defendendo os oprimidos. E agora? Eis o que eu queria dizer: hoje, se a referência fosse o deputado Aldo Rebelo, filiado ao glorioso Partido Comunista do Brasil (PCdoB-SP), a vovó me dispensaria das jaculatórias, e tio Esmeraldo aplaudiria, imitando os ruralistas que, na última terça-feira, em sessão tumultuada numa comissão da Câmara dos Deputados, aprovaram o relatório que modifica o Código Florestal.
Eles aplaudiram o projeto do Aldo, porque ele anistia todos aqueles que, entre 1994 e 2008, cometeram crimes ambientais e desmataram mais do que o permitido por lei. A soma das multas aplicadas nesse período ultrapassa R$ 10 bilhões – segundo cálculos oficiais do IBAMA – que deixam de ser recolhidos aos cofres públicos, beneficiando grandes proprietários e exportadores. Os anistiados sequer são obrigados a replantar o que foi destruído. Aqueles que respeitaram a lei estão se sentido uns babacas.
O projeto do Aldo reduz ainda a faixa obrigatória de preservação das matas que ocupam as margens dos rios, incentivando o desmatamento, recebendo por isso críticas do secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa. Para Aldo, a floresta é um obstáculo ao progresso e uma inimiga da civilização. Ele ignora o rico patrimônio florestal brasileiro e não reconhece “o inegável papel que a saúde florestal exerce para a saúde climática e para o bem-estar das populações”.
Por isso, foi duramente criticado pela comunidade científica, pelos pequenos agricultores e pelos povos da floresta. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) diz que o parecer não tem qualquer fundamentação científica. E a Confederação Nacional dos Trabalhos na Agricultura (Contag) avalia que ele favorece os grandes desmatadores. Mas Aldo foi ovacionado pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (DEM-TO – vixe, vixe) que, em declaração estarrecedora ao Jornal Nacional, disse como se sentia:
– Um alívio! Essa suspensão é uma respirada. Nada hoje prejudica mais o agronegócio, a agropecuária, do que essa insegurança jurídica, essa questão das multas, essa truculência que tem sido praticada dia a dia no campo”. O que esse discurso diz e o que ele esconde?
Dito e não-dito
O não-dito é fundamental para apreender o significado do que foi dito. O discurso da senadora não diz que toda propriedade de terra no Brasil foi, originalmente, tomada dos índios à força. Que as terras assim usurpadas foram concedidas como sesmarias pela Coroa Portuguesa aos nobres, navegadores, militares e colonos. Que a economia se baseava no latifúndio, na monocultura e na escravidão. Que o sistema de capitania hereditária isentava o donatário de taxas, fazia dele a autoridade máxima dentro daquelas terras, permitindo até que decretasse a pena de morte para escravos e índios.
Esse sistema de violência institucionalizada foi formalmente extinto no final do período colonial, mas continuou operando até os nossos dias na conduta de muitos proprietários. Segundo a Comissão Pastoral da Terra cresce a violência contra camponeses pobres, com a omissão do Poder Judiciário. Foram assassinados 1546 trabalhadores rurais nos últimos 25 anos, mas foram abertos apenas 85 processos judiciais e somente 19 mandantes de crimes foram condenados. Em 2009, o Brasil viu 25 assassinatos, 71 pessoas torturadas, 1884 famílias expulsas e um aumento de 163% de casas destruídas.
Para a senadora, porta-voz dos donatários do século XXI, a violência não é essa. O agronegócio - coitado! – é que passa a ser vítima da violência no campo. As leis que protegem a floresta e, com ela, a saúde do conjunto da população constituem uma “truculência”. As multas que punem os transgressores da lei sufocam o agronegócio, enfim a ordem jurídica causa insegurança entre os proprietários. Para ela, violência no campo é isso. Dessa forma, ela corrompe a linguagem.
Há alguns meses, o filho da senadora, Irajá Silvestre Filho, 27 anos, que é candidato a deputado federal, estacionou o carro em local privativo dos táxis no Terminal Rodoviário de Palmas (TO). Quando foi abordado pelos policiais militares, ele se recusou a entregar seus documentos, questionou a multa e a remoção do veículo e desacatou a autoridade. Seguindo o exemplo materno, ele se sentiu sufocado pela truculência das leis do trânsito.
O signo lingüístico – a gente sabe – é o signo ideológico por excelência porque carrega valores que disputam a representação do mundo e refletem as relações sociais, os conhecimentos, as crenças, as atitudes. O discurso da senadora pretende expropriar os discursos dos movimentos sociais e usurpar os significados das lutas camponesas, tentando transformar uma representação de uma categoria – a do agronegócio – em crença coletiva – do Brasil.
A senadora cumpre seu papel, em defesa de sua categoria. Faz parte do jogo da democracia burguesa. O doloroso, o imperdoável nisso tudo, é ver Aldo Rebelo, um parlamentar eleito pelo voto comunista, colocar seu trabalho, sua energia, seu verbo e sua biografia a serviço dessas forças, na defesa de um modelo de progresso que contraria a história dos movimentos populares. Dessa forma, ele mancha a trajetória histórica do partido e trai as lágrimas e os anseios de tantos Raimundos injustiçados nesse Brasil. Essa mancha, não tem água benta que dê jeito. Que o voto do Curupira se manifeste nas próximas eleições.

O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti .




terça-feira, 13 de julho de 2010

Demanda americana por mogno ameaça tribos isoladas no Peru


Altino Machado às 10:15 am

Relatório da organização Upper Amazon Conservancy (UAC), reforçado pela Survival International, denuncia a exploração ilegal de mogno em grande parte da Reserva Territorial Murunahua, na região do departamento peruano de Ucayalli, na fronteira com o Acre, destinada a proteger etnias indígenas que vivem em isolamento voluntário.
Entre março e abril, a UAC documentou a existência de acampamentos madeireiros e árvores derrubadas ao longo da reserva de 481,5 mil hectares. A reserva, adjacente ao Parque Nacional Alto Purús, serve de refúgio para os últimos grupos de índios isolados.
O relatório da UAC foi lançado apenas um mês após a viagem ao Peru da Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, quando encontrou com o presidente Alan Garcia e afirmou que “os Estados Unidos e o Peru estão trabalhando juntos para proteger o meio ambiente”.
A presença de madeireiros em território peruano tem contribuído para forçar que índios isolados procurem refúgio em território brasileiro, no Acre, numa das regiões mais remotas do país. De acordo com a UAC, mais de 80% do mogno que o Peru exporta se destina aos Estados Unidos.
A UAC afirma que a exploração de madeira é “generalizada” na reserva, e que “uma grande rede de estradas para a exploração de madeira” é utilizada por “mais de uma dúzia de tratores”, ligando a reserva a um afluente importante da Amazônia.
O relatório revela como os madeireiros estão levando as autoridades peruanas e americanas a crerem que o mogno foi obtido legalmente.
- A exploração ilegal de madeira evidencia que o Perú não está cumprindo seus compromissos ambientais e florestais estabelecidos no Tratado de Livre Comércio que firmou com os Estados Unidos. Além disso, a exploração ilegal viola a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestre, na qual está incluído o mogno - afirma a UAC.
Durante sobrevôo, a UAC constatou balsas com toras de mogno retiradas recentemente, o que indica que o campamento continua sendo usado como um centro de transporte de mogno ilegal obtido da Reserva e do Parque.
Existe um segunda base madeireira que, de acordo com os indígenas, é igual a que está localizada nas cabeceiras do rio Mapuya, que vem sendo usada há vários anos para coletar e transportar mogno da Reserva Murunahua.
Os madeireiros ilegais usam motosserras para transformar as toras de mogno e pranchas largas. A madeira ilegal é transportada para a cidade Pucallpa, através dos rios Mapuya, Inuya y Ucayali. A madeira passa em frente ao posto de controle forestal localizado no Inuya, estabelecido especialmente para evitar o transporte de madeira ilegal.
A madera é retirada com permissões emitidas para oerações florestas legais dentro de concessões florestas autorizadas. As permissões exigem “prueba” de que a madeira foi extraída legalmente e de acordo aos planos de manejo aprovados, mas não de uma área protegida ou não registrada. Quando a madeira é finalmente transportada em caminhões até Lima, conta com toda a documentação necessária para ser exportada aos Estados Unidos e outros mercados internacionais.


Espiritualidade

"Hoje nos encontramos numa fase nova na humanidade. Todos estamos regressando à Casa Comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente. (...) (...) Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra." Casamento entre o céu e a terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001.pg09 Leonardo Boff Caro amigo Ricardo... Se direcionarmos nosso pensamento exclusivamente para o significado da Morte como o limite máximo da vida, com toda certeza, vamos chorar inconformados a morte inaceitável de uma pessoa maravilhosa que merecia viver. Mas, se ao contrário, nos conscientizarmos de que entre a Vida e a Morte reside um encantamento que paira além da nossa compreensão, vamos comemorar a vida de uma pessoa maravilhosa que precisou morrer. Basta entender que, se nascemos para viver, obviamente, morremos para nascer. Todos somos submetidos a esse processo de inversão existencial em dois momentos cruciais da nossa passagem pelo planeta Terra: quando nascemos e quando morremos. Primeiro, nascemos para a Morte; depois, morremos para a Vida. O processo do encantamento ocorre, justamente, antes do nascimento e depois da morte, fases de total dissolução física em que permanecemos sumariamente ENCANTADOS. Foi, exatamente, a este encantamento que paira entre a Vida e a Morte, e que a nossa compreensão não alcança, que o sábio Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa, se referiu em suas divagações filosóficas, ao concluir: Só as pessoas não morrem; tornam a ficar encantadas... Assim como a sua amada filha RAQUEL. Basta fechar os olhos e buscar a imagem dela em sua memória; basta pensar nela e sentir a emoção da sua presença, para conseguir entender, que ELA SE ENCONTRA ENCANTADA em seu sentimento mais puro, mais bonito e mais intenso. E isto a torna maravilhosamente ETERNA. Com todo meu Amor-Philia, Leila Brito http://www.chacomletras.com.br/ O que nos diriam os Maias, nesse momento crucial, de mudanças planetária? Oh humanidade! Não sabem nada da verdadeira natureza do tempo. O tempo não é um relógio! O tempo é a freqüência de sincronização universal pela qual se harmonizam todos os ciclos cósmicos. Porque vocês não compreendem este entendimento verdadeiro do tempo, perdem-se no materialismo, destroem o vosso meio ambiente e afogam-se na guerra e no terrorismo! Voltem a viver segundo os ciclos harmoniosos da natureza cósmica e podem salvar-se!! Se não, será o vosso fim e talvez mesmo do vosso planeta! Nenhum de 15 mil textos maias profetiza fim do mundo em 2012 México, 6 jul (EFE).- Em nenhum dos 15 mil textos existentes dos antigos maias está escrito que em 2012 haverá grandes cataclismos, crença originada em escritos esotéricos da década de 1970, asseguraram nesta terça-feira fontes oficiais. O diretor do Acervo Hieróglifo e Iconográfico Maya (Ajimaya) do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), Carlos Pallán, disse que só em dois deles há "duas inscrições" que falam em 2012, mas "só como o final do período". Perante este fechamento do ciclo, os profetas modernos afirmam que um buraco negro no centro da galáxia, quando se alinhar com o sol, romperá o equilíbrio. Com isso, será modificado o eixo magnético da Terra e as consequências serão nefastas. O cientista destacou em comunicado que estas versões apocalípticas foram geradas em publicações esotéricas nos anos 1970, as quais assinalavam o fim da civilização humana para 2012, data que coincide com o décimo terceiro ciclo no calendário maia, no dia 21 de dezembro. Pallán explicou que "para os antigos maias, o tempo não era algo abstrato, era formado por ciclos e estes às vezes eram tão concretos que tinham nome e podiam ser personificados mediante retratos de seres corajosos. Por exemplo, o ciclo de 400 anos estava representado como uma ave mitológica". Os maias "jamais mencionam que o mundo vai acabar, jamais pensaram que o tempo terminaria em nossa época, o que nos reflete à consciência que alcançaram sobre o tempo, a partir do desenvolvimento matemático e da escritura", destacou. Acrescentou ainda que os maias se preocupavam em efetuar rituais que de algum modo garantissem que o ciclo por vir seria propício, e no caso particular de 2012 é notada uma insistência em "que ainda em data tão distante vai ser comemorado um determinado ciclo. Este foi o miolo da confusão". O arqueólogo disse que, no entanto, de acordo com os cálculos científicos atuais, a data astronômica precisa do fim de seu ciclo seria 23, e não 21 de dezembro. Também esclareceu que os maias legitimavam seu poder mediante os calendários e vinculavam os governantes com esses ciclos e com deuses citados em relatos ancestrais ou em mitos. AS 7 PROFECIAS MAIAS Telescópios e supercomputadores revelaram que o nosso Sistema Solar se encontra no cruzamento entre duas galáxias e se alinhará com o centro da Via Láctea em 2012 quando receberá o fluxo máximo de energia das formações de plasma luminoso por onde transita actualmente. Esse acontecimento cósmico, jamais sonhado pelos astrônomos contemporâneos, foi calculado pelos antigos astrônomos do Egipto e da América Central, de que se destacava o povo Maia. Com base em suas observações os Maias previram que a partir da data inicial de sua civilização, 3.113 a.C., totalizará 5.125 anos no futuro, ou seja ao ano de 2012 d.C., quando o sol ao receber um forte raio sincronizado proveniente do centro da galáxia, mudará sua polaridade e produzirá uma gigantesca labareda radiante. Coincidência ou não, os astrônomos verificam grande atividade na superfície solar nos últimos anos, podendo intensificar-se extraordinariamente no ano 2012. 1ª Profecia A primeira profecia diz que nosso mundo de ódio, materialismo e medo, terminará em 22 de Dezembro do ano 2012. Neste dia a humanidade deverá escolher entre desaparecer como espécie pensante, que ameaça destruir o planeta, ou evoluir à integração harmônica com todo o Universo, compreendendo que somos parte deste Todo, e que podemos existir em uma Nova Era de luz. Os Maias sabiam que nosso Sol é um Ser vivo que respira e que de tempos em tempos sincroniza-se com o enorme Organismo do qual faz parte ao receber um raio de luz do centro da galáxia. Esse raio de luz, em ressonância com o Sol, produz em sua superfície o que os cientistas chamam de erupções solares e campos magnéticos. Para os Maias, os processos universais, como a respiração da galáxia, são cíclicos e nunca acabam. O que muda é a consciência do homem que passa através deles sempre em um processo de aperfeiçoamento. A humanidade deve estar preparada para atravessar esse portal previsto pelos Maias, que transformará a Civilização atual em uma civilização com uma freqüência vibratória mais elevada. Só de maneira individual se pode atravessar a porta que permite evitar o grande cataclismo que sofrerá o planeta, para dar começo a uma Nova Era e um "sexto ciclo" do Sol. 2° Profecia A segunda profecia indica que a energia que se recebe do centro da galáxia aumentará, e acelerará a vibração em todo o Universo para conduzi-lo a uma maior perfeição. Isso produzirá mudanças físicas no sol, na Terra, e mudanças psicológicas no ser humano, alterando seu comportamento e sua forma de pensar e sentir. Serão transformadas as relações e as formas de comunicação, os sistemas econômicos, sociais, de ordem e justiça. Serão mudadas as convicções religiosas e os valores que aceitamos hoje. O ser humano irá confrontar-se com seus medos e angústias, para solucioná-los, e deste modo poderá sincronizar-se com os ritmos do planeta e do universo. A humanidade irá perceber seu lado negativo e, as conseqüências de suas atitudes. Esse é o primeiro passo para a transformação e unificação que, remete à necessidade da permanência no bem e da paz interior. 3° Profecia A terceira profecia diz que uma onda de calor aumentará a temperatura do planeta provocando mudanças climáticas, geológicas e sociais de magnitudes sem precedentes e a uma velocidade assombrosa. Os Maias disseram que esse aquecimento se dará por vários fatores. Alguns deles pelo ser humano que por sua falta de sincronismo com a Natureza só poderá produzir processos de auto-destruição. Outros factores serão gerados pelo sol, que ao acelerar sua atividade pelo aumento da sua vibração, produzindo mais irradiação aumentando a temperatura do planeta. . 4° Profecia A quarta profecia Maia diz que o aquecimento do planeta, causado pela conduta anti-ecológica do ser humano e por uma maior atividade do sol, causará o derretimento do gelo dos pólos. Se o sol aumentar seus níveis de atividade acima do normal haverá uma maior produção de ventos solares, mais erupções maciças desde a coroa do sol, um aumento na irradiação e um incremento na temperatura do planeta. O escudo eletromagnético - a camada do Ozônio – que temos e nos protege está diminuindo em sua intensidade. A produção de ozônio na ionosfera que impedia a chegada dos raios ultravioletas à Terra diminuiu e já apareceram alguns buracos enormes sobre os pólos permitindo a chegada dos raios do sol à superfície do planeta. 5° Profecia O tempo maia é circular avança para frente e para trás, simultaneamente, nunca termina. É formado por círculos que sempre existiram, que continuarão a existir, eternamente. Nós também temos esses ciclos internamente para permitir a transformação de nossa mente e a evolução de nossa civilização no sentido da harmonia. Nesse ponto veremos alguns sistemas que irão se transformar para passar do medo ao amor. E os sentidos que desenvolveremos nessa transição. A quinta profecia diz que todos os sistemas baseados no medo sob os quais está fundamentada a nossa civilização se transformarão simultaneamente com o planeta e com o ser humano, dando lugar a uma nova realidade de harmonia. O ser humano está convencido de que o universo existe só para ele, que a humanidade é única expressão de vida inteligente e por isso age como depredador de tudo que existe. Os sistemas falharão para que o ser humano enfrente-se a si mesmo para que veja a necessidade de reorganizar a sociedade e continuar no caminho da evolução que levará a entender melhor a Criação. Os sistemas religiosos baseados em um Deus que infunde medo também entrariam em crise. Surgiria um único caminho espiritual comum a toda a humanidade que terminará com todos os limites estabelecidos entre as diferentes formas de ver Deus. O novo dia galáctico é anunciado por todas as religiões e cultos como uma época de luz, paz e harmonia para toda a humanidade. É claro então que tudo que não produza este resultado deve desaparecer ou transformar-se. A nova época de luz não pode ter uma humanidade baseada na economia e no poder bélico e imposição de verdades pela força. 6° Profecia A sexta profecia Maia fala que nos próximos anos aparecerá um cometa cuja trajetória colocará em perigo a própria existência do ser humano. Os maias viam os cometas como agentes de mudanças que vinham para por em equilíbrio o movimento existente para que certas estruturas se transformem permitindo a evolução da consciência coletiva. Os cometas sempre fizeram parte do sistema solar, milhares de resíduos atravessam, cruzam, vão e voltam, periodicamente e inclusive se chocam com os planetas que se movem sempre tranqüilos em suas órbitas regulares ao redor do sol. 7° Profecia A sétima profecia nos fala do momento em que o sistema solar, em seu giro cíclico, sai da noite para entrar no amanhecer da galáxia. A luz emitida desde o centro da galáxia sincroniza todos os seres vivos e permite a eles concordar voluntariamente, com uma transformação interna, produzindo novas realidades e que todos os seres humanos têm a oportunidade de mudar e romper suas limitações através do pensamento. Os seres humanos que voluntariamente encontrarem seu estado de paz interior, elevando sua energia vital, levando sua freqüência de vibração interior do medo para o amor poderão captar e se expressar através do pensamento e com ele florescerá o novo sentido. Uma das maiores transformações ocorrerá em nível planetário, por que todos os homens conectados entre si como um só todo, dará nascimento a um novo ser na ordem galáctica. A reintegração das consciências individuais de milhões de seres humanos despertará uma nova consciência, na qual todos entenderão que fazem parte de um mesmo organismo gigantesco. A capacidade de ler o pensamento entre os humanos revolucionará totalmente a civilização, desaparecerão todos os limites, terminara a mentira para sempre porque ninguém poderá ocultar nada, começará uma época de transparência e de luz que não poderá ser ocultada por nenhuma violência ou emoção negativa. Desaparecerão as leis e controles externos como a policia e o exercito porque cada ser se fará responsável por seus atos, não será preciso implementar nenhum direito ou dever pela força. Será formado um governo mundial e harmônico com os seres mais sábios e evoluídos do planeta, não existirão fronteiras nem nacionalidades, terminarão os limites impostos pela propriedade privada e não será necessário dinheiro como maneira de intercâmbio, serão implementadas tecnologias para o controle da luz e da energia e com elas se transformará a matéria produzindo de maneira simples todo que for necessário dando um basta à pobreza para sempre. A excelência e o desenvolvimento espiritual serão o resultado de seres em harmonia que reduzam a atividade com o que vibram mais alto, ao agir assim eles expandirão sua compreensão sobre a ordem universal. Com a comunicação através do pensamento haverá um supersistema imunológico que eliminará as baixas vibrações do medo produzidas pelas enfermidades, prolongando cada vida dos humanos, a nova era não precisará da aprendizagem inversa, produzida pelas doenças e sofrimento que caracterizaram os últimos milhares de anos da história. Os serem humanos que consciente e voluntariamente encontrarem a paz interior entraram em uma nova época de aprendizagem procontraste harmônico, a comunicação e a reintegração farão com que as experiências e lembranças individuais e os conhecimentos adquiridos sejam disponíveis sem egoísmo para todos os outros, será como uma internet em nível mental que multiplicará exponencialmente a velocidade das descobertas e serão criadas sinergias nunca antes imaginadas, terminarão os julgamentos e os valores morais que mudam com o tempo, como a moda, entenderemos que todos os atos na vida são uma maneira de alcançar uma maior compreensão e harmonia. O respeito será o elemento fundamental da cultura, transformará o individuo e a comunidade e dará a humanidade à oportunidade de expandir-se pela galáxia. As manifestações artísticas, as ocupações estéticas e as atividades recreativas comunitárias ocuparão a mente do ser humano. Milhares de anos fundamentados na separação entre os homens que adoraram um deus que julga e castiga irão se transformar para sempre. O seu humano viverá a primavera galáctica, o florescimento de uma nova realidade baseada na reintegração com o planeta e com todos os seres humanos. Neste momento compreenderemos que somos parte de um único organismo gigantesco e iremos nos conectar com a terra, uns com os outros, com nosso sol e com a galáxia inteira. Todos os seres humanos entenderão que os reinos minerais, vegetais e animal e em toda a matéria espalhada pelo universo em todas as escalas, desde um átomo até uma galáxia são seres vivos com uma consciência evolutiva. A partir de 22 de dezembro de 2012, todas as relações serão baseadas na tolerância e na flexibilidade, porque o homem sentirá os outros seres como parte de si mesmos. Terra e Humanidade: uma comunidade de destino Temos que começar o ano com esperança pois urge fazer frente ao clima de revolta e de frustração que significou a COP 15 de Copenhague. Seguramente o aquecimento global comporta graves conseqüências. No entanto, numa perspectiva mais filosofante, ele não se destinaria a destruir o projeto planetário humano mas obriga-lo a elevar-se a um patamar mais alto para que seja realmente planetário. Urge passar do local ao global e do nacional ao planetário. Se olharmos para trás, para o processo da antropogênese, podemos seguramente dizer: a crise atual, como as anteriores, não nos levará à morte mas à uma integração necessária da Terra com a Humanidade. Será a geosociedade. Neste caso, estaríamos então, face a um sol nascente e não a um sol poente. Tal fato objetivo comporta um dado subjetivo: a irrupção da consciência planetária com a percepção de que formamos uma única espécie, ocupando uma casa comum com a qual formamos uma comunidade de destino. Isso nunca ocorreu antes e constitui o novo da atual fase histórica. Inegavelmente há um processo em curso que já tem bilhões de anos: a ascensão rumo à consciência. A partir de geosfera (Terra) surgiu a hidrosfera (água), em seguida a litosfera (continentes), posteriormente a biosfera (vida), a antropofesfera (ser humano) e para os cristãos a cristosfera (Cristo). Agora estaríamos na iminência de outro salto na evolução: a irrupção da noosfera que supõe o encontro de todos os povos num único lugar, vale dizer, no planeta Terra e com a consciência planetária comum. Noosfera como a palavra sugere (nous em grego significa mente e inteligência), expressa a convergência de mentes e de corações dando origem a uma unidade mais alta e complexa. O que, entretanto, nos falta é uma Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade que coordene as consciências e faça convergir as diferentes políticas. Até agora nos limitávamos a pensar no bem comum de cada pais. Alargamos o horizonte ao propor uma Carta dos Direitos Humanos. Esta foi a grande luta cultural do século XX. Mas agora emerge a preocupação pela Humanidade como um todo e pela Terra, entendida não como algo inerte, mas como um superorganismo vivo do qual nós humanos somos sua expressão consciente. Como garantir os direitos da Terra junto com os da Humanidade? A Carta da Terra surgida nos inícios do século XXI procura atender a esta demanda. A crise global nos está exigindo uma governança global para coordenar soluções globais para problemas globais. Oxalá não surjam centros totalitários de comando mas uma rede de centros multidimensionais de observação, de análise, de pensamento e de direção visando o bem viver geral. Trata-se apenas do começo de uma nova etapa da história, a etapa da Terra unida com a Humanidade (que é a expressão consciente da Terra). Ou a etapa da Humanidade (parte da Terra) unida à própria Terra, constituindo juntas uma única entidade una e diversa chamada de Gaia ou de Grande Mãe. Estamos vivendo agora a idade de ferro da noosfera, cheia de contradições. Mas mesmo assim, cremos que todas as forças do universo conspiram para que ela se firme. Para ela está marchando nosso sistema solar, quem sabe a inteira galáxia e até este tipo de universo, pois, segundo a teoria das cordas, pode haver outros, paralelos. Ela é frágil e vulnerável mas carregada de novas energias, capazes de moldar um novo futuro. Talvez a noosfera seja agora somente uma chama tremulante. Mas ela representa o que deve ser. E o que deve ser tem força. Tende a se realizar. Leonardo Boff é autor de A nova era: a civilização planetária, Record 2008.

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